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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

NONADA

Educação e Instrução; uma película tênue separa esses dois termos, que se complementam na dimensão do aprendizado. A educação abarca a instrução enquanto modalidades de saber a se adquirir, modos de fazer e de ser. O processo educativo lida com o encantamento, a sedução, o prazer de conhecer, que podem ser surrupiados pelo intransigente mercadológico, emblemática coisa nenhuma feita de migalhas de ouro e prata, no embevecido enleio de um saber sorrateiro, enganoso e pululento.

A professora tomava mão à régua de madeira, comprida, para atingir a "cuca" do aluno levado que saltava correndo a derrubar sobre a mesa o tinteiro. Muitos anos tem esta frase, ela vem do tempo em que a escola existia para todos as idades e tamanhos. Agora subiremos ao ar para praticar o último programa de software educativo.

zzzzz !!! Alguém apagou a luz? Acendo o candeeiro. Haja fõlego para compartilhar as requerências das palavras que atormentam o insone escritor em busca de um texto. Deixa pra amahã, agora é hora do recreio no jardim de infância: pão com manteiga e café com leite na garrafa pequena de coca cola.

NONADA

Criar palavras é um prazer, quase infantil, um ato de liberdade do indivíduo na orla da arbitrariedade do signo, um gesto de atrevimento do ser criativo, que o conduz pelo discurso linguístico em imersão na lógica, na semiótica, dos contratos estabelecidos na esfera da comunicabilidade.

Podemos dizer tudo e não dizer nada. NONADA.

A invenção desta palavra é atribuída a João Guimarães Rosa, em seu ontológico romance "Grande Sertão Veredas". Mas, da invenção da palavra à definição de seus significados, outras trilhas se abrem, outra interpretação. Uma definição apressada diria que NONADA significa "coisa alguma", o que se pulveriza na leitura da frase que segue ao enunciado, em se tomando como exemplo a obra literária de Rosa:

" - Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade".  (ROSA, 1988, p.1).

Com as tecnologias da informação e da comunicação, visíveis como um processo em permanente mutação através da internet, a criação e modulação da palavra é instantânea, mediada por máquinas: os computadores. Nesse contexto o papel impresso e a imagem estática são transfigurados pela Computação Ubíqua - Ubiquitous Computing (UBICOMP). A criação e a criatura se assemelham no mais novo tormento aos escritores. Nonadas passa a ser o dedo no gatilho e o  estampido da espingarda.

A singularidade é que continuamos com o mesmo prazer infantil de criar textos e contar histórias, só que a ação é mediada por máquinas que também participam dos comandos de nossa mente. Nonadas.







Dicio: dicionário de português
NONADA

EDUCAÇÃO PESSOAL, uma atitude que todo educador deveria ter para consigo, uma autoavaliação, que nos torna melhores em nossas vidas e em nossas práticas profissionais.

Silêncio, sugiro ler o texto do escritor e professor José Manuel Moran, em seu blog

Educação humanista inovadora

Disponível em: aqui. Acessado em: hoje.

Tive o prazer de conhecer o professor Moran num encontro sobre o ensino a distância, em Belo Horizonte, no século passado.

Ao ler seu post: "Construindo uma vida mais plena" re-vejo que alguns homens nascem póstumos, como queria nosso mestre "Guima" (João Guimarães Rosa), estes sempre se renovam em multiplicante evolução. Vivem no logos heraclítico (Heráclito):  "tudo é a mudança", e conseguem ser "em movimento".

Salve professor Moran!

Mira:

Pensar em si e no mundo
Existir num "por si"
A estar num flanar do ar.
São múltiplos os olhares que a imaginação oferece. 
Mais belos ficam quando o interior de nosso ser é como a criança 
que aprende e desaprende o mundo a cada novo instante. 

A imagem acima está no site: http://www.feriasbrasil.com.br/rn/natal/pirangidonorte.cfm É de Pirangi do Norte, um recanto deste Brasil que amamos, e queremos melhor, em humanidade, em verdades éticas, em trasnparências públicas.

@NONADAs: QUAL O FUTURO DOS NOSSOS ÍNDIOS?

@NONADAs: QUAL O FUTURO DOS NOSSOS ÍNDIOS?

NONADA

O futuro de nossos índio é o próprio futuro nosso, não poderemos pensar um país mais justo sem nossos ancestrais, sem o ribombar do vento nas pedras da cachoeira, sem o gemido da ema. Sucuri, tacapé, vatapá, nossa língua é mais morta do que ... Vive a se nutrir dos balbucios, gestos arrebatados de coragem e segredos, nomes ocultos do medo, impronunicáveis, mas que não se calam em nossos mouros ouvidos.
Quero caminhar na areia do rio. Pescar o lambari na lagoa, a traíra, urutu, sanhaço, cobra de vidro, construção. Um navio deixou o porto, outro atracou na terra. Quero seguir viagem e deixar o amigo feliz em seu torrão natal.
Não quero o medo. Brinquedo. Menino quero a vida que sempre chega no final da tarde, em neblina e algazarra de pardais no terreiro.
As crianças no chão recolhem palitos e dedos para um batalhão de soldadinhos de barro, inimigos, monstros, alienígenas, se progamarem em games virtuais, alimentados pelo pensamento. Na outra margem índios mergulham nas águas dos rios. Nús. Aqui e ali o tiro é de quem viu primeiro.

"Faremos tudo o que seu mestre mandar". Não.

sábado, 3 de novembro de 2012

QUAL O FUTURO DOS NOSSOS ÍNDIOS?

NONADA



Triste história de nossas gentes. Covardia e esquecimento. Imagens da infâmia de um país que esquece seus antepassados.

http://www.prms.mpf.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/noticias/2011/09/puelito-kue-feridos


Fonte: Portal do Ministério Público Federal - Procudaria da República em Mato Grosso do Sul. Título: Puelito Kue - Feridos, última modificação em 08/09/2011.

Pyelito Kue - Feridos

Dia 23 de agosto de 2011:

- Eram oito horas da noite quando pistoleiros armados invadiram o acampamento dos índios guarani-Kaiowá, disparando projéteis de arma de fogo contra o grupo, incendiando suas barracas, destruindo  suas provisões de alimentos, espalhando terror e medo no grupo indígena. As principais vitimas foram velhos e crianças, indivíduos indefesos, que não conseguiram fugir ao ataque feroz dos bandidos contratados para expulsar os índios de suas terras, reclamadas pela fazenda Cambará, em Iguatemi, sul de Mato Grosso do Sul.

marco veron
imagem disponível em:

A destruição do acampamento está nas imagens abaixo; detalhes de cartuchos utilizados contra tumulto, recolhidos em Pyelito Kue, mostram a presença de milícias organizadas, neste ato de violência, visto como um genocídio:

http://www.prms.mpf.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/noticias/2011/09/puelite-kue-acampamento

A descrição da cena de covardia contra os índios guaranis-Kaiowá é oferecida por um dos líderes do grupo:

"Estávamos rezando, de repente chegaram dois caminhões cheios de homens, chegaram atirando, ordenaram parar queimar barracas e roupas e amarrar todos índios. Saímos correndo, em direção diferente. A 300 metros do local vimos as barracas queimando e muito choro. Faroletes e lanternas estão focando pra lá e cá, as crianças e idosos não conseguiram correr. Os meus olhos enlagrimando (sic) escrevi este fato. Quase não temos mais chance de sobreviver neste Brasil”



Números publicados no portal do Ministério Público Federal oferecem uma radiografia do abandono de nossos ancestrais índios, que entregam suas vidas ao destino sombrio da morte:

"dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a cada seis dias, um jovem guarani e kaiowá se suicida. Nos últimos 32 anos, foram 1500 mortes. Essas informações são reforçadas pelo Mapa da Violência do Brasil, publicado em 2011 pelo IBGE. Segundo o documento, acontecem 34 vezes mais suicídios indígenas em Mato Grosso do Sul que a média nacional. Desde 2000, foram 555 suicídios, 98% deles por enforcamento, 70% cometidos por homens. A maioria deles na faixa dos 15 aos 29 anos.

A taxa de mortalidade infantil entre a etnia guarani e kaiowá é de 38 para cada mil nascidos vivos, enquanto a média nacional é de 25 mortes por mil nascimentos. Já a taxa de assassinatos - cem por cem mil habitantes – é quatro vezes maior que a média nacional. A média mundial é de 8,8."



Assim como os fatos, os números não mentem. A presença numérica das manifestações nas redes sociais reverteram o quadro de desânimo dos Kaiowás com a decisão do MPF: O Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, suspendeu operação de retirada dos índios guarani-kaiowá do acampamento Pyelito Kue, atendendo a pedido da Fundação Nacional do Índio, após intensa mobilização de cidadãos na internet. O Ministério Público Federal tinha feito o mesmo pedido e foi contemplado pela decisão de hoje. Disponível em: <http://www.prms.mpf.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/noticias/2012/10/mpf-comemora-decisao-que-mantem-indios-em-terra-guarani-kaiowa-no-ms>. Acessado em 03 de novembro de 2012.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

COMPARTILHAR ILUSÕES

NONADA

Quem me lê, me traduz. A frase de Roland Barthes diz sobre a necessidade da escritura de ter o leitor "em mente", e o escritor como serviçal deste pretenso sujeito de sua escrita.

Há quatro meses o comentário do escritor e professor  Jose Ramon Santana Vazquez, anunciava a presença luxuosa do leitor neste blog:
- "ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO"
 Ramon Vazquez - Local: Asturias : Espanha

...traigo
ecos
de
la
tarde
callada
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...


desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ


COMPARTIENDO ILUSION
ANONADAS

CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...
Sem tradução. A poesia diz por si. Se substituímos uma palavra (espanhol) por seu equivalente, neste caso o português, o poema perde a ternura, a tinta lírica que o envolucra; noite callada não é o mesmo que noite silenciosa, poderia ser calada, silenciada. Em suma, o poema de Ramon ilustra o que Barthes disse no início deste texto; trata-se do leitor ideal, que doa a alma como um cravo num convite a participar desta interação leitor/ autor.

Vou ao espaço blogger do Ramon ... , seria interessante estender a conversa entre blogueiros e blogados, pintar nossas paisagens (Brasil - Espanha), pois temos muito o que aprender; uma nova colonização começa nos corações. Nesta ocupação a comunicação é de dupla face, podemos incluir a interatividade, o compartilhar das almas, o afeto dos corações humanos, como só @s poetas conseguem fazer.

Aqui vai uma tradução do inglês ao espanhol no vídeo cliping do  cantante Enrique Iglesias (I Like How It Feels), postado pelo poeta em seu blog: Hora de Paz Camin de Mieres. 

HASTA LA VISTA...

terça-feira, 15 de maio de 2012

IBSN

anonadas
imagens, números, letras, sinais gráficos...
somos códigos de barras no espaço virtual
ou ciberesfera, ou melhor, aqui, 
blogsfera

NONADA
Bienvenido. O que assinalo, sinalizo, aqui, tem a ver comigo, com minhas crenças e atitudes. Silêncio. Entardece. O bebê dorme e a vida precisa de nossa atenção e zelo. Buenas tardes! Puesto que junto a l@s niñ@s toda tarde es buena.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Rita Lee - Paradise Brasil

NONADA

ENVELHECER COM ARTE

Existem pessoas que participam de nossa vida de maneira definitiva, visível e risível, translúcidos e evidentes como um rastro de cometa no céu. Intransferíveis, ficam impressos em nossas retinas auditivas como o luar do último sábado, dia 5, atração em todo o planeta Terra.

legendaMaior e mais brilhante, a 'superlua' apareceu na noite de sábado

Esse gozo não é privilégio de nós, contemporâneo de Ritinha e de sua banda "Os Mutantes", roqueiros da gema imprimiram as primeiras sonoridades elétricas às guitarras de Gilberto Gil, em "Domingo no Parque" e ao grito do poeta: "É proibido proibir". Sempre existirá espaço para canções de amor pela paz, hinos de liberdade e ação.

Hoje, fora dos palcos, dentro de nossos corações e mentes, Rita se aproxima de nossa realidade, com seu eterno namorado, Roberto, em sua família musical, a nos mostrar trilhas e caminhos sonoros e visuais, em músicas que tocam velhos e novos seres que pensam o Brasil, modernos sem ser chique, altivos sem se orgulhar disso. Vamos juntos em nosso "Paradise Brasil".



"Aquele abraço Rita Lee!" 
Contigo aprendi a suportar o silêncio da noite sem luar, 
o ranger de dentes dos aflitos, 
torturados pelo medo do invisível, 
do noticiado pelos jornais da televisão, 
concessões dos hipócritas fardados e à paisana, 
a rondar o parque de diversão infantil. 
Naquele parque tem um velho e enferrujado tanque de guerra e crianças a brincar ao redor.



Envelhecer é o aprendizado mais significativo de uma vida, calma, sem pressa. Aqui a velocidade fica ancorada nos esquemas utilitários da tecnocracia neoliberal (nome besta) cultuada pelos engravatados apressados, que não sacaram nada, pois têm "cabeças de planilhas", seguem as estatísticas, os números, pré ocupados a correr atrás de um tempo sem tempo.

Santa Rita chegou com as guitarras, o pandeiro sem couro, violão. Assim como quem não queria assumir nenhum poder, apenas cantar e DIVAGAR, sem medo de errar ou pecar. Assim, também vieram com ela Gil, Gal, Bethânia e Caetano, mãos dadas com Chico, Nara, Tom Zé, Torquato Neto (poeta cometa), na esteira de João Giberto (o gande deus tupiniquim, imperfeito, mais que perfeito), Tom Jobim e Vinicus de Moraes.

Aqueles idos 1970 ficaram nos exílios impostos e voluntários, relatos de torturas silenciados nos porões da ditadura militar. Nos encontros furtivos, malucos beleza, nos parques e jardins; Raul Seixas tocando violão no ônibus de Ipanema. O pier, o vapor barato, Gal tomando sol no mar da Guanabara. Meninos e meninas fumando um baseado ( a maconha não era skank, era "Tebas" vinda das terras indígenas e caboclas, do Maranhão). 

As traquinagens daqueles artistas eram cômicas para não cair na tragédia sanguinária que os brutamontes fardados impunham ao povo brasileño, em particular, e à América Latina, em geral. Cômico aos funcionários do hospital da Gávea, São Francisco de Assis, em que Chico, Vinicus, Tom Jobim e a turma dos bares do Leblon se internavam para "desintoxicar" e, na calada da noite, fugiam para outros porres, antes do alvo amanhecer nos leitos desse nosocômio. 


As cores são tristes e belas enquanto envelhecemos. Aprendemos a esquecer e ser esquecidos. Nossos amores se matizam em tonalidades sépias, nossa esperança se faz gris. Todo cambia. Passamos como o rio de nossa cidade, agora veloz dentro de sua canalização, silenciado pelos veículos apressados que ignoram suas margens,a correr pelas autopistas sobre o seu leito.

As liberdades das tecnologias digitais não condizem com a ganância do capitalismo; Rita Lee disponibiliza seu último trabalho, sem custo, para aqueles que seguem "sem lenço e sem documento" na contramão da multidão abastada, silenciada pela mediocridade dos "podres poderes", espremida nos ônibus, metrô e calçadas do centro da cidade. É na periferia dos sentidos que reencontraremos Rita Lee, sempre que se acionar uma tecnologia móvel de áudio e vídeo, pela internet ou pelos sentidos ativados pelos "egoístas" fones de ouvidos de um celular.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O QUE PRECISA SER DITO

NONADA

Uma tradução pela sedução do texto e pela sedição da palavra permite ao autor se passar por leitor. Assim como o lançamento de um livro, uma entrevista radiofônica, televisiva ou impressa, os fatos da vida de um escritor determinam a pauta dos Jornais e de suas manchetes. Objetivo: vender ilusões em meias verdades, que se espalham em estilhaços por links de informação sobre pixels, frames e papéis. O alvo: cidadãos da "urbe", velhos, crianças e jovens, civis e militares, numa apoplexia coletiva. 

Nesse contexto, pensar é duvidoso, perigoso; provoca o choque de opiniões, o exercício da liberdade, a prática da ciência dos espíritos: Hermenêutica.  Quem se atreve, se embaraça, mas nem sempre se embaça.

"Quem é capaz de suportar tudo pode atrever-se a tudo."

"Nunca separei o escritor da pessoa que o escritor é. A responsabilidade de um é a responsabilidade de outro."

Günter Grass



O escritor alemão Günter Grass (1927) é  assunto do dia por seu poema "O que precisa ser dito", publicado aqui na versão espanhola. Outras traduções: Revista Cult  e blog Cantar a Pele de lontra IV 

O que pensa o escritor define sua obra? Uma criança é apenas uma criança antes do adulto que a julgará no futuro? Questões se multiplicam a partir da  polêmica criada por um escritor, que já não omite sua participação no front nazista; aqui, o que está em jogo é a paz no mundo em que vivemos, ou esquecemos disso e voltamos a ser criança.

A publicação de seu poema, em 2 de Abril último, pelo jornal alemão Süddeutschen Zeitung lança um alerta à censura praticada pelos adeptos do pensamento único, que condenam manifestações de oposição à ideologia  neoliberal do mundo globalizado, das potências econômicas e militares,  entre elas Israel, colecionadores de ogivas nucleares, camufladas em pátios e jardins de suas instalações bélicas, que escapam às inspeções da ONU (Organização das Nações Unidas). 

Enquanto as atenções do mundo, manipuladas por agências de notícia e informativos afins, focalizam as rimas informativas e formativas de G. Grass, que retumbam sobre o poder nuclear de Israel e sua caricatura pelo Iran, o perigo dorme em silencio no palácio dos horrores, a ser aberto ao público no advento da Terceira Guerra Mundial, pouco antes dos sobreviventes humanos da hecatombe voltarem às cavernas. 

Pesquisa sobre o Escritor e seu Poema revela milhares de links que oferecem adjetivações e juízos de valor, que vão desde a sumária condenação de Günter como "persona non grata" a sua popularização enquanto baluarte de manifestações pacifistas na Alemanha. A multiplicidade de informação interessa ao internauta leitor, sujeito atento, crítico, participante dos fatos; aos outros, sujeitos passivos, que não se importam com a complexidade de uma singularidade que cabe no espaço de um riso, a cena exposta "passa batida", ou seja, não é percebida. 

Com a palavra o poeta, por EL PAIS INTERNACIONAL de 4 de abril de 2012, disponível em: <http://internacional.elpais.com/internacional/2012/04/03/actualidad/1333466515_731955.html>. Acessado em 09/04/2012.



Lo que hay que decir

El escritor alemán se opone a un ataque israelí contra Irán


Por qué guardo silencio, demasiado tiempo,
sobre lo que es manifiesto y se utilizaba
en juegos de guerra a cuyo final, supervivientes,
solo acabamos como notas a pie de página.
Es el supuesto derecho a un ataque preventivo
el que podría exterminar al pueblo iraní,
subyugado y conducido al júbilo organizado
por un fanfarrón,
porque en su jurisdicción se sospecha
la fabricación de una bomba atómica.
Pero ¿por qué me prohíbo nombrar
a ese otro país en el que
desde hace años —aunque mantenido en secreto—
se dispone de un creciente potencial nuclear,
fuera de control, ya que
es inaccesible a toda inspección?
El silencio general sobre ese hecho,
al que se ha sometido mi propio silencio,
lo siento como gravosa mentira
y coacción que amenaza castigar
en cuanto no se respeta;
“antisemitismo” se llama la condena.
Ahora, sin embargo, porque mi país,
alcanzado y llamado a capítulo una y otra vez
por crímenes muy propios
sin parangón alguno,
de nuevo y de forma rutinaria, aunque
enseguida calificada de reparación,
va a entregar a Israel otro submarino cuya especialidad
es dirigir ojivas aniquiladoras
hacia donde no se ha probado
la existencia de una sola bomba,
aunque se quiera aportar como prueba el temor...
digo lo que hay que decir.
¿Por qué he callado hasta ahora?
Porque creía que mi origen,
marcado por un estigma imborrable,
me prohibía atribuir ese hecho, como evidente,
al país de Israel, al que estoy unido
y quiero seguir estándolo.
¿Por qué solo ahora lo digo,
envejecido y con mi última tinta:
Israel, potencia nuclear, pone en peligro
una paz mundial ya de por sí quebradiza?
Porque hay que decir
lo que mañana podría ser demasiado tarde,
y porque —suficientemente incriminados como alemanes—
podríamos ser cómplices de un crimen
que es previsible, por lo que nuestra parte de culpa
no podría extinguirse
con ninguna de las excusas habituales.
Lo admito: no sigo callando
porque estoy harto
de la hipocresía de Occidente; cabe esperar además
que muchos se liberen del silencio, exijan
al causante de ese peligro visible que renuncie
al uso de la fuerza e insistan también
en que los gobiernos de ambos países permitan
el control permanente y sin trabas
por una instancia internacional
del potencial nuclear israelí
y de las instalaciones nucleares iraníes.
Solo así podremos ayudar a todos, israelíes y palestinos,
más aún, a todos los seres humanos que en esa región
ocupada por la demencia
viven enemistados codo con codo,
odiándose mutuamente,
y en definitiva también ayudarnos.

Traducción de Miguel Sáenz. El texto original en alemán se publica hoy en el diarioSüddeutsche Zeitung