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domingo, 12 de abril de 2009

pascoalinas análises

O Coelhinho e a Galinha.
Manhã de domingo no bairro Padre Eustáquio. Belo Horizonte. Brasil. Crianças lambuzadas de chocolate correm atrás da bola, na garagem do prédio, numa algazarra que espanta a rara passarada e incomoda o sono diazepínico dos deprimidos, aborrecidos e raivosos vizinhos anônimos. Gritaria de criançada também abafa os sinos eletrônicos da igreja que dobram por um Deus menino, ou menina - qual o sexo dos anjos? - longe de traduzir, em sons, as preces pela paz e o ranger de dentes dos famintos, em nossa casa chamada Terra.
Quanto à história do "ovinho da Páscoa", essa passa pela galinha e pelo coelho, símbolos da fertilidade. A lenda é anterior ao nascimento e morte de Jesus Cristo, assim como o vício do chocolate, que já era caro aos povos primitivos da América Central; Maias e Aztecas já conheciam o cacau - néctar dos deuses - antes dos colonizadores ocuparem suas terras e destruir suas bibliotecas e civilizações "in nomine Dei", a mando del'Rey de España e graças ao empreendedorismo de Cristóvão Colombo com suas caravelas e mapas. A dúvida do coelhinho e o costume antigo de presentear com ovos de galinha, coloridos, bem como a geração do mito pelo ideário cristão, está no poste pascoalino Aposentado Invocado.
Porém, nem tudo é delícia, conquista e algazarra infantil neste dia de esperança e fé cristã... Senão, mira:
Esta foto remete nosso imaginário à clássica cena de massacre do povo russo pelas tropas do czar na escadaria de Odessa, recriada no clássico filme "O Encouraçado Potenkin", lançado em 1925 pelo cineasta soviético Serguei Eisenstein (1898-1948) . A história se repete como farsa virtual no simulacro das imagens produzido no "inconsciente coletivo", que é real, posto que é social. Está lá no wikipedia:
"Inconsciente Cole(c)tivo, segundo o conceito de psicologia analítica criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, é a camada mais profunda da psique humana. Ele é constituído pelos materiais que foram herdados da humanidade. É nele que residem os traços funcionais, tais como imagens virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos."
A imagem de protesto dos russos na foto acima está no blog Da Rússia, do Professor Doutor portugues José Manuel Milhazes Pinto. Registra a fúria no calor do fogo, ante a truculência do poder de estado, que espanca, prende e mata seus opositores. Diz Milhazes: Hoje, segundo a agência noticiosa russa Interfax, morreu um jovem de 23 anos, após ter sido preso nas manifestações de terça-feira em Chisinau, que começou como protesto contra a vitória comunista nas eleições parlamentares e terminou em actos de vandalismo como a pilhagem dos edifícios do Parlamento e da Presidência da Moldávia. Milhazes fala em Da Rússia:
"Hoje também, chegam notícias da Geórgia de que o centro de imprensa da oposição georgiana, que exige a demissão do Presidente Saakachvili, foi atacado por 50 funcionários dos serviços municipais de limpeza, que destruíram aparelhagem de som e computadores e feriram três pessoas."
A incapacidade das nações estrangeiras na mediação de conflitos políticos, étinicos, econômicos e sociais mundiais, que abalam processos democráticos como nas fraudes de eleições presidenciais na Geórgia, na Moldávia, demonstra que o "fator administrativo" detém o controle da mídia global; a resistência é um ato de coragem, um exercício de ética individual, como o gesto solitário de repúdio a ofensa grave demonstrado pelo jornalista mulçumano, ao "atirar os sapatos" no ex-presidente americano W. Bush, fato que virou videojogo na internet com 91.921.126 acessos e um ranking disputado de sapatadas que avança pelo mundo virtual. Ouço o novo conceito jornalístico: "fator administrativo" e peço Help aos Beatles:

"Pense globalmente e actue localmente." (John Lennon)

De Macaé, Rio de Janeiro, Brasil, me vem uma pista de aterrisagem para este vôo alucinado em que me lancei desde o início dos anos 70, em que a contracultura assumiu o papel revolucionário deixado pelos exilados, amordaçados e assassinados pelos militares nos anos de chumbo do Brasil: Náufrago da Utopia, do jornalista e escritor Celso Lungaretti. Eis aqui a possibilidade da livre expressão, na sociedade das imagens apesar do "big brother" e da vigilância geral; o que vem por aí? Será uma ciberevolução ou o cibercomunismo pela internet? Seja lá como for, email, blog, twitter etc, as redes sociais virtuais disputam com a publicidade, os dividendos cibernéticos. Talvez se possa pensar em outra publicização do espaço público. Essas veredas permitem uma aproximação que nos idos 70 só era viável no sótão, no porão de casa, no campo ou numa praia deserta, "junto à fogueirinha de papel", com "alcalóides à vontade" e "Pasárgadas" mapeadas em telas lisérgicas ao som do rock'n roll. O poder de alienação das drogas, imprescindível aos soldados norteamericanos na guerra do Vietnan e estimulante ao movimento contracultural dos hippyes foi um "tiro que saiu pela culatra" que atingiu o pé do sistema imperialista capitalista. Bah! isso fica prá depois. !HASTA LA VISTA!

terça-feira, 7 de abril de 2009

CARLITOS

Ele provocou lágrimas e risos em plateias de todo o mundo. Com sua arte, o cinema, fez a crítica de seu tempo, celebrando o amor e a solidariedade em templos de luxúria e poder. Soube amar a criança e ridicularizar os adultos, então "donos do poder". Denunciou com sua tecnologia das imagens em movimento as tecnologias consumistas e os poderes absolutistas, os desencontros amorosos e a dura vida dos pobres. Foi um humanista e muito mais, um cientista da alma, um analista das mazelas do progresso e do individualismo do homem modernista do século XX. Em sua época não havia vídeo game e nem satélite de míssil teleguiado; a internet era apenas uma idéia e a multimídia não existia. Mas afinal, o que sobrevive ao homem, a seu destino sobre a terra, senão suas ações e contribuições para a história das ideias, para o ideário das imagens e para a memória da humanidade. untitled.bmp (image)
"A vida e a morte são determinadas demais, por demais implacáveis para que sejam puramente acidentais." Charles Chaplin