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sábado, 19 de junho de 2010

Morre o pensador, escritor português,José Saramago.


OUTROS CADERNOS DE SARAMAGO
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"Pensar, pensar

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."

(Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008)

A FOTO: In this Sep. 12, 1997, file photo, Portuguese author Jose Saramago poses in Stockholm, Sweden. Spain Obit Saramago Jose Saramago's publisher says Nobel-winning Portuguese novelist has died at his home in Lanzarote, one of Spain's Canary Islands. at 87. (AP Photo/Bengt Eurenius, File).

O primeiro livro, Saramago comprou aos 19 anos. Estudou fez curso de mecânico e trabalhou como jornalista até encontrar a sonoridade de seus textos sua bibliografia wiki é fato como o é a opinião dos hipócritas que vêem este homem como um comunista ou um ateu depois que foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura consagrou a língua portuguesa no panteão dos imortais e deste instantes em diante os hipócritas oportunistas de nossa época passaram a dizer que Saramago era um comunista ou um ateu bom ora o que mais intrigou o escritor português foi como imaginar a existência de um Deus fora de nossas cabeças que se torcem para o outro lado ante guerras, fome, injustiças e práticas de torturas e sofrimentos a terceiros?
Saramago encontrou o amor depois dos 60 anos que cultivou com Pilar del Rio até o instante final em que aos 87 anos disse: Adeus.

Conheci o autoditada José Saramago ao ler "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" 1991; um jornalista autodidata demitido pela Revolução dos Cravos e por seu livre pensar explicito na entrevista que concedeu à Playboy disponível em http://www.revista.agulha.nom.br/1saramago4.html acessado agora.
Neste livro Cristo é um homem, que vive para a prática do bem e da moral, que não coincidia como os sacerdotes detentores do poder na época que o crucificaram, como era praxe punitiva no Estado Romano. Esse livro "me fez a cabeça", como se dizia nos anos 70, evocando imagens, sons, memórias através de palavras em pontuação criada pelo autor e vivenciada pelo leitor participante. 
Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)

                                                                                 — Saramago, A Jangada de Pedra, 1986 Disponível - Acessado: 18 de junho de 2010.

Saramago incomodou acomodados, capitalistas, comunistas burcoráticos, capitalistas, evangélicos, católicos ortodoxos, enfim, crentes, tementes a Deus e às ditaduras absolutistas, como a de Salazar em Portugal, e fascistas amaldiçoaram o velho senhor, que substituiu o jornalismo e o desemprego pela ficção:
"(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista à revista Playboy, em 1988 (pt.wikipedia.org/wiki/)
"O Ensaio sobre a Cegueira" aproximou Saramago e o cinema brasileiro. O livro é obra maior. É um sinal de alerta de um homem que sempre foi perseguido por falar o que pensa e pensar o que sente ante a beleza da vida e o significado do amor pelo bem e pelos homens, que evoca a paz.
"[a]s insolências reaccionárias da Igreja Católica precisam de ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder".(Ibidem)
Estamos mais pobres de inteligência; as controvertidas palavras de Saramago, amargas aos hipócritas e doces aos crentes na vida e no espírito humano do bem, ecoam nas memórias múltiplas do cyberespaço, nas bibliotecas e nas livrarias e sebos da vida. Mesmo cético, eu diria que Saramago está no colo de Deus ou Deusa.

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