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domingo, 9 de março de 2008
24 horas no dia
Está no evangelho (João 11, 1-45) a história de Lázaro, homem ressuscitado por Jesus, 4 dias após sua morte, ante as lágrimas das irmãs Marta e Maria e o escárnio do povo da Judéia. Cristo exortara seus discípulos a desafiar a ira dos homens de Betânia, que o apedrejaram em sua passagem pela cidade, quando ocorreram os sofrimentos de Lázaro.
"O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não topeça, porque vê a lus deste mundo. Mas, se alguém caminha à noite, tropeça, porque lhe falta a luz". A fé, o amor de Cristo e as lágriams de suas irmãs, trouxeram Lázaro de volta à vida. Rompendo as amarras que o adornavam em sua tumba.
Sou um ateu cristão. Acredito na história do ente Jesus Cristo, que foi assassinado pelos homens e tal crime se repete todo dia, há 2000 anos.
Lázaro voltou à vida, não mais o mesmo, a sociedade não aceita o diferente, o sobrenatural, o que está fora dos padrões de normalidade elegidos pelas classes dominantes, pelos poderes constituídos.
Caminhemos, seja de dia ou de noite, o cuidado com as pedras do caminho e com aquela que nos lançam os que não creem em nossos valores podem ser evitadas com a luz, por mais tênue que seja, desde que redobrada nossa atenção.
Jesus nos ensinou a amarmos uns aos outros; condição sine qua non para o Reino de Deus, o Nirvana, para o "viver de morrer, morrer de viver" dito pelo filósofo do fogo e da mudança permante: Heráclito, um mestre anterior a Cristo.
Nossas lágrimas e nosso pranto serão ouvidos por aqueles que amam seus semelhantes e vivem pela revolução, a trasnformação da vida em "festa, trabalho e pão". A hora é essa: agora. Se tivemos uma nova chance qual Lázaro, lutemos para que o milagre não seja em vão, o benefício seja a paixão de Cristo em seu amor pela humanidade.
Pensemos nas amarras de Lázaro, nas prisões da matéria e dos sentimentos egoístas que nos assolam. Ir ao templo por obrigação cristã é pouco para aqueles que querem viver em estado de oração, de atenção e cuidado com as pedras do caminho.
Hoje fui ao templo. Ouvi o silêncio dos crentes e o vazio das palavras do padre Luiz que ecoam nas paredes do santuário de Padre Eustáquio. Os que o viam e ouviam guardaram este silêncio, este vazio do que foi dito e não foi ouvido.
Espero conseguir a graça de ser no presente um ato de vontade e fé na humanidade; conseguir o pão no exercício ético da comunicação pública.
Ateu cristão tenho Cristo nas entranhas.
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