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domingo, 14 de dezembro de 2008
poesia concreta - o projeto verbivocovisual
CATATAU E CATARINA
Eram palhaços do "Grande Circo Humano", que seguia temporada naquela cidadezinha sulista encravada na serra. Apesar do dia de chuva, o público aqueceu a atmosfera circense na certeza de que "a alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo" e assim foi.
Na abundânica de água que caía da esfera celeste, a lona, remendada no meio, não aguentou o peso da "tromba d'água" e desabou sobre o picadeiro, bem em cima dos palhaços, que abafavam o som das trovoadas com suas cornetas, bumbos e algazarra fanfarrona.
Daquele rombo na lona dissolvia-se um céu em fios de chuva a brilhar em reflexos dos holofotes; a intempérie do tempo virou parte do espetáculo; nem pipoqueiro e nem a meninada arredavam os pés do lugar; esticavam pescoço e levantavam golas e sobrolhos, entre secos e molhados, de ôlho vivo na cena do picadeiro.
Catatau e Catarina, pobres heróis, esfarrapados, molhados até a alma, suscitavam risos e lágrimas no público, que, no final, aplaudiu com força e alegria prá espantar o molhado da chuva no corpo. Muita gente saiu de alma lavada e vida nova de esperança.
Naquela noite, Catatau e Catarina dormiram felizes, encharcados e abraçados; aquecidos em si e esquecidos no balanço da rede, sob a jaula dos tigres asiáticos.
O dia amanheceu de sol virado, turistas e curiosos assistiam aos tratadores e seus animais exóticos.
Naquela noite Catatau e Catarina sonharam com uma lona nova, cama de colchão, travesseiros, coberta de linho e cobertor de lã. A manhã de domingo mal começava a esquentar.
Dedico essa história aos heróis do vale do Itajaí, em Santa Catarina, que sabem recomeçar sempre do mesmo lugar em que ficaram quando perderam tudo na última enchente.
Que os pobres exijam o respeito e a dignidade a que fazem juz na Terra de Deus e dos seres vivos.
Tragédias urbanas, intempéries da natureza, crise do capitalismo mundial, desemprego e quebra de bancos são rotinas que carecem de um poeta para serem compreendidas por simples mortais; na falta de Machado, João, Carlos, Quintana e outros que partiram "num rabo de foguete", reconfiguro as linhas e retículadas concretas da digitalização cultural tropicalista.
Deleto o "fuuudeu! funkrockpopipocatimbaladacariboca da rapaziada azucrinada boboca; pesco na grande teia o repertório dadaísta da música, poesia e as artes visuais e, num decalque fugaz, escapo da banalização midiatística das tragédias corrosivas do "aqui e agora". Saudosismo? Não: Lembrança.
Quem não viu, vê agora, quem já viu reveja os HELIOTAPES [entrevistas do artista Hélio Oiticica (1937-1980) gravadas nos anos 70 em Nova York, com Haroldo de Campos e outros intelectuais e artistas que viviam o Brasil de fora].
"BRASIL AME-O OU DEIXE-O" - TRINTA ANOS DEPOIS
pROMETO nÃO lEMBRAR dO fAMIGERADO (AI 5); dE sUA iNFLUÊNCIA nEFASTA nOS gOLPES mILITARES E dITADURAS lATINOAMERICANAS sUCESSIVAS nA aRGENTINA, uRUGUAI, E cHILE aDVINDAS dO pÓS 1968 , áPICE dO mILITARISMO bRASILEIRAO (cOSTA E sILVA) sOB oS aUSPÍCIOS dO sERVIÇO De INTELIGÊNCIA dOS eUA.
para saber mais sobre a derrocada da inteligência pensante que veio com o Ato Institucional número 5 procure o oráculo do são Google ou de outro busca=dor wikipediado. Isso é um bom exercício contra a amnésia estrutural e a sistêmica.
BARROCO EM LINHAS RETAS - RETÍCULARIZAÇÃO DO REAL
Poetas e argonautas do ciberespaço um delicioso delírio verbosonorovisual, pré-tropicalista, que nos anos 50, 60, 70 e 80, do século 20, lançaram galáxias tupiniquins na GELÉIA GERAL, termo criado por Décio Pgnatari que, junto com os irmaõs Haroldo de Campos (1929-2003) e Augusto de Campos, ribombou no fenômeno da poesia concreta brasileira.
Na memória volátil foi criado um link da mostra "Poesia Concreta- O Projeto Verbivocovisual" exibida em ago. e set. de 2007, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
O evento deixa documentos áudiovisuais e textos dos três signatários do moviemento concretista e dos cariocas Ronaldo Azeredo (1937-2006) e José Lino Grünewald (1931-1999) que podem ser pesquisados no site: poesia concreta - o projeto verbivocovisual
IMPRENSA
FOLHA DE SÃO PAULO, ilustrada, pg 3, 15 de agosto de 2007:
"Poesia concreta ganha site e mostra histórica.
Com vídeos aúdios e documentos, evento remomora o movimento dos anos 50".
- Gabriela Longman DA REPORTAGEM LOCAL.
A "Galáxia Gutemberg" trouxe informações sobre fato histórico cultural com distanciamento de meio século, o que é um átimo no tempo.
No texto jornalísitco da Gabriela um dos curadores da mostra, João Bandeira, fala da arquitetura do evento:
"Os poemas já foram concebidos como objetos. O que fizemos foi agigantar sua escala e ajustá-los á nova tecnologia. Não é uma releitura'. (...) Tentamos levantar aspectos da poesia concreta que não estão muito colocados como a visualidade do poema fora do espaço do livro e a difusão internacional".
Junto com João, a curadoria da mostra contou com Cid Campos, Walter Silveira e Lenora de Barros.
Para mim no jornalismo existem dois tipos de fatos: os que são e os que não são fatos, a durabilidade os determina.
PRÓXIMO PROGRAMA: VALE A PENA VER DE NOVO UM NOVO.
prestenção: num faço propaganda e nem análise de sitio neste blogue. prefiro exercer o direito de jornalista e escrever o que quero, com ética e a semvergonhice de ser um "pobre homem do Caminho Novo das Minas dos Matos Gerais", que nem Pedro Nava no seu "Baú de Ossos".
representar: Escrever, contar, dizer e mostrar o visto, do ponto de vita de quem viu, moa a quem moer.
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