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quinta-feira, 18 de junho de 2009

DIPLOMA EM MOLDURA DE VIDRO

Já foi comum entrar em uma pharmacia e ver, em local visível, o diploma do farmcêutico, este por sinal valia mais que a maioria dos médicos recém-formados, que deixavam a cidadezinha do interior para fazer dinheiro na capital. Ainda penso que o diploma é um papel, como certidão de casamento, divórcio, óbito etc ; tem o peso de um documento qualquer. Agora quando falamos no exercício de um trabalho, muda a cena. O farmacêutico hoje atende o balcão das grandes drogshoppings, pode até ser veterinário, como o dono da farmácia,a gora sem o PH. E o médico pode conseguir seu diploma nalguma destas universidades do interior, que pipocam de acordo com os ventos favoráveis do mercado. Comecei no estudo da Comunicação, que foi chamada Social para efeito de dominação imperialista, mas que tinha sentido em minha vida desde o primeiro espanto que tive, aos 7 anos. A cena tirou-me o sono e o apetite e sacudiu minha alma: ao sair do Grupo Escolar, coorrendo no meio do burburinho de crianças (escolares), passando pelas enxurradas, de uniforme e sapato molhado, e ... em frente à minha casa, um caminhão carregado de sacos de farinha de trigo estava parado na esquina, bebaixo da roda traseira, direita, uma criança atropelada e morta. Formei em 1984 pela Universidade Federal de Juiz de Fora; registro de jornalista, trabalhei dois anos nos jornais Tribuna da Tarde e Tribuna de Minas, de um mesmo dono, como repórter policial. Na redação, o café e a barulhada das máquinas de escrever se misturavam num clima de cumplicidade, amizade e solidariedade. Entre falar de polícia e bandido, preferi arriscar nova cidade. Na capital de Minas fui trabalhar como redador de Produção na TV Minas Cultural e Educativa. Foram 13 anos. O conceito de televisão pública era meu propósito. Em São Paulo, conheci, através dos seminários do SESC - TV Cultura, práticas que surgiam pelo mundo afora. Eram os anos 90; internete era coisa de país rico. Passei pela diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e "comprei muita bronca" dos jornalistas, colegas, que trabalhavam nas redações das televisões, das rádios e dos jornais. Puxa, que missão, "brigar pelos outros"... cansei, desisti, xinguei, apontei o dedo para o diretor de jornalismo da tv quando ele me oferecia a missão de chefiar a redação: "HIPÓCRITA !" , a verdade dói e jornalismo chapa branca, ou chapa preta, nunca foi meu forte... e nem da minha geração (anos 70). Hoje me ligam cedo: "vc já sabe da última, o diploma de jornalismo acabou". O jovem estudante de jornalismo estava indignado com isso, e eu mais ainda com a exoneração, às ocultas, do irmão do Sarney (assinada com data falsa). Então fui "fuçar" na internet, enquanto não corrijo o trabalho de meus alun@s da pós (esqueci de dizer que minha paixão secreta sempre foi a pesquisa, a ciência, a arte, a religião, o conhecimento, o amor pela humanidade e pela natureza) e descobri notícias "à rodo" e, saltando de link para hiperlink, cai na página da paulistana ANA e seu blog OLHôMETRO; menina faz jornalismo e tem o privilégio de trabalhar, coisa difícil nesta época de desemprego. Portanto, Ana é blogueira por competência e paixão, e consegue um tempo na sua rotina de jornalista de imprensa (que em geral está mais para prensa) para capturar sua audiência com inteligência e competência, pois aporta propaganda em seu blog. Para finalizar este poste quero mandar um abraço para outra ANA, que está em Sampa, mas é mineira da gema, doutorou-se em Portugal e nunca precisou de diploma para mostrar a competência de sua comunicação democrática, comunitária, social. A menina que veio de Lisboa cria blogs como se fossem quitutes ou arrajos florais: Oficina da Delicadeza ... Pastel de Santa Clara ... e agora, desempregada em Sampa, enquanto faz um pós-doutorado, escreve TV Pra Que te Quero!... HAJA FôLEGO para uma comunicadora nata (dava aula para os cegos e tinha um programa de ciência na Rádio Favela, de Belo Horizonte) que sobrevive sem propaganda. Aliás findo com uma pergunta à Ana Paulista do OLHÔMETRO: não seria melhor substituir o qualificativo jornalista por publicista? acho que assim atenderemos os dois motivos da profissão que ora perde o status acadêmico: PUBLICIZAR: TORNAR PÚBLICO, ou obter feed-back, clicks, para ser VENDÁVEL Como dizia o VELHO GUERREIRO, palhaço da televisão, CHACRINHA: "Quem não comunica se trumbica".

Um comentário:

Ana Paula disse...

Paulo, você está alimentando minha vaidade! (riso)
Isso do diploma, por mais que pareça sedutora a idéia de permitir que alguém faça um trabalho alicerçado apenas pelo talento, dispensando o danadinho, temos que considerar a imensa leva de não-telentosos que iam sair por aí fazendo asneiras...
Hoje tava lendo um artigo do Roquete Pinto do livro Seixos Rolados que ele publicou em 1927. Brilhante! "Que figura de livro vale a visão dos dentes num espelho, para que os pequenos distinguam incisivos, molares e caninos?" Pergunta. O artigo é umrecorte sobre como ele pensava a aproximação das criaças ao universo da ciência. Ele era jornalista! Mas tinha enxergava aquilo que professores até hoje não conseguem ver! Bom, lembrei dele aqui porque seu texto fala da categoria jornalistas...E acabo de atender um menino na minha porta pedindo prenda pra festa junina da escola dele. Mandei um recadinho pra professora dele. Que desânimo! Beijos!