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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ANONADAS: anonadas

Juiz de Fora é uma paisagem na parede, um lampejo na memória da janela desta cidade de Belo Horizonte, que de belo tem o nome e muitos vazios: faltam a serra, a paz nas ruas, a prosa nos cafés da praça sete e tantas outras mineirices, nem tão nostálgicas que esquecidas pela cidade nova, do Bel'vedere, dos condomínios policiados, da segurança de shopping centers. Sobra o Mercado Central e seu cheiro, e as rosas da Raul Soares ao pé do Jota Ka. Longe de mares e montanhas seguimos, navegantes, tropeiros, entre nodos e lances de conexões axiais; solidários em grupos de discussão, comunidades virtuais, my space, orkut, msn, blogs, fotologs, googlemanias e cidades invisíveis, habitadas por avatares amáveis e afáveis, amantes soturnos de casamentos irreais. Cadê o rio do peixe, o peixe do rio? O fogo secou? o gato comeu?. O trem, agora é metrÔ. O viaduto Santa Tereza e os butecos de poetas, malandros sambistas e filósofos da liberdade, também estão nas paredes em fotos e memória desbotada. Em tempos de marketing político, social, cultural e econômico, com suas leis de incentivo e malversação do bem público (vide valeriodutos), fica óbivio e besta andar impunemente, "à tôa na vida", por essas praças e ruas sem nome, com suas lucernas de neon e postes simétricos de concreto e árvores tortas, quase mortas, amarradas por cabos de aço. A cidade de verdade está lá no Google maps, com um balãozinho em cima. Os seus moradores foram abduzidos para o Second Life. Alí são avatares que matam, morrem, amam, compram e vendem - de "mentirinha"; e pensar que a infância, cartilha de pedófilo para manchete da mídia-espetáculo ainda tem o rosto do anjo! Anonadas. Fruta farta e saborosa, que guarda sabor de nove frutas em si. Quem souber de uma muda dessa rara esperança mande um emeiu, preciso recuperar aquele cheiro de maçã de suas flores na primavera.

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